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Centro-Oeste tira País da Crise

O Centro-Oeste dispõe de base econômica, todas as matérias-primas e estrutura produtiva e ocupacional em crescimento vertiginoso...

O aprofundamento da crise mundial somente pode ser enfrentado com grandes decisões políticas, movidas por pacto social. O G-20 demonstrou que as soluções para o problema que parou a dinâmica do capitalismo mundial são consensuais. Mais cooperativismo, menos individualismo. Esse é o novo recado dos tempos pós-unilateralismo, abrindo-se, amplamente, ao multilateralismo.

No plano interno, teremos que eleger as prioridades. E elas existem onde existem as oportunidades que podem beneficiar a todos. O Centro-Oeste, nesse contexto, destaca-se como o celeiro do mundo e de novos e lucrativos negócios. Área agricultável de quase 140 milhões de hectares irrigáveis; sol, chuva e temperatura capazes de dar três safras anuais; território plano, que diminui custos de produção e aumenta produtividade sob impulso científico; energia alternativa em toda a extensão para desenvolvimento de cadeia produtiva energética dos biocombustíveis; interligação continental etc. – o Centro-Oeste virou alvo dos investidores.

No Brasil, no Centro-Oeste, quase tudo ainda está por fazer. Na Europa e nos Estados Unidos, a infraestrutura nacional está, praticamente, pronta. Precisa, claro, sempre, de reparos, mas começar do zero, não existe mais essa possibilidade. A não ser que detone tudo para refundar. O presidente Sarkozy, da França, está falando em refundar o capitalismo. Refundar é montar novas bases sobre as quais novas obras são realizadas. Ou seja, jogar no chão e reconstruir. Mas isso é politicamente explosivo.

O Centro-Oeste e o Norte brasileiros, extensões de uma geografia compacta e interativa, não são politicamente explosivos, mas solucionativos. Têm a chave do politicamente possível e desejável. Dispõem das matérias-primas e dos alimentos indispensáveis à produção manufatureira mundial. Possuem, sobretudo, condições de dar sustentação ao mercado interno, principalmente, e externo, complementarmente, a fim de que o País se transfome, no âmbito do G-20, na nova potência mundial.

O Centro-Oeste dispõe de base econômica – todas as matérias-primas e estrutura produtiva e ocupacional em crescimento vertiginoso – e social organizada, faltam decisões políticas ousadas, para completar a ampla infraestrutura, abrindo a região para escoar seus produtos por Norte, Leste e Oeste, aprofundando a interação sul-americana.

O poder e o potencial econômico centroestino terão que falar mais alto no cenário da federação brasileira, a partir de 2010, no novo governo, dispondo de um ministério. Será compatível com o seu poder relativo em ascensão no contexto federativo nacional. Sua voz fortalecerá o consenso. O Centro-Oeste estaria para o Brasil como o Brasil está para o G-20, como força política e econômica emergencial, irresistível. Se as coisas acontecem no plano externo, devem, também, se repetir no plano interno, nas devidas proporções.

Novo consenso produtivo

A classe empresarial, nessa fase em que o espírito cooperativo do G-20 sobrepõe ao espírito individualista do G-8, porque o egoísmo, deixado ao extremo, levou a humanidade ao colapso da especulação, precisa intensificar o diálogo com a classe trabalhadora, para discutir o potencial nacional que é de todos e que pode fazer a diferença de agora em diante no decorrer do século 21. Na década de 1930, Getulio Vargas, diante dos estragos de 1929, mandou queimar café para que os agricultores gastassem no mercado interno. Surgiram, daí, as bases da indústria moderna e uma legislação do trabalho. Em 2009, faz-se necessário o mesmo movimento. Como as condições políticas são outras, amplamente democráticas, o diálogo marcará os passos dos acontecimentos, de forma indiscutível.

O que une para a discussão não é a divisão do butim, mas a multiplicação, porque na crise o mesmo deixa de existir. Como destaca o ex-ministro e ex-deputado Delfim Netto, o futuro está em nossas mãos. Precisamos discutir intensamente o papel do Centro-Oeste como epicentro da ligação do Brasil consigo mesmo e com o continente sul-americano. O objetivo é desenvolvimento suficientemente interativo para promover todas as potencialidades brasileiras, capazes de permitir à América do Sul dispor de real poder dentro dos organismos internacionais.

O G-20, a nova expressão do poder mundial, começa a estruturar outra relação internacional, que terá consequências diretas nos investimentos. O Centro-Oeste não é apenas receptor de grandes investimentos em infraestrutura, para atrair capitais nacional e internacional, que não está vendo perspectiva nos horizontes europeus e americanos. É mais que isso: tende a ser o maior exportador mundial de grãos e um forte produtor de bens industrializados, se houver decisão política para promover o desenvolvimento com valor agregado, utilizando tanto o capital nacional como o internacional disponível. Faz-se necessário fortalecer os orgãos regionais dentro do governo para acelerar discussões, planejamentos e ações. Não é à toa que as montadoras japonesas querem instalar toda a sua cadeia produtiva no Centro-Oeste, para evitar custos de frete das matérias-primas adquiridas do Brasil. Seremos atropelados pelos acontecimentos ou vamos politicamente comandá-los. Esse é o desafio do pensamento centroestino.

Onde o dinheiro disponível no mundo vai ser aplicado para obter retorno senão onde as possibilidades para construção de infraestrutura existem? No momento em que a taxa de juro internacional está negativa, o Centro-Oeste pode e deve se transformar na taxa positiva, capaz de abrir-se ao desenvolvimento socialmente equilibrado. Seu potencial favorece expectativas internacionais para contribuir com a estabilização econômica mundial. Sobretudo, o Centro-Oeste viabilizará o despertar do Brasil como nova potência no século 21, com a característica, essencialmente brasileira, de fazer o mundo alegre do samba, do futebol e da inteligência criativa.

Fonte: Portal do AgroNegocio